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Mostrando postagens de março 26, 2017

"Science": sem investimento público, sem inovação privada

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A verba para pesquisa biomédica fornecida pelo governo dos Estados Unidos, por meio de seus Institutos Nacionais de Saúde (NIH), é fundamental para o desenvolvimento do setor privado na área, argumenta estudo publicado na revista Science . De acordo com levantamento que cobre os últimos 27 anos, 10% das dotações (“grants”) dos NIH são responsáveis diretas por novas patentes, e 30% das demais geram artigos que acabam citados em pedidos de patente subsequentes. “Embora os formuladores de políticas públicas frequentemente ponham foco nas patentes obtidas diretamente por pesquisadores acadêmicos, o grosso do efeito da pesquisa dos NIH sobre patentes parece ser indireto”, escrevem os autores, do MIT, Harvard, Columbia e do Bureau Nacional de Pesquisa Econômica. “Também não encontramos nenhuma relação sistemática entre o foco de uma dotação em pesquisa ‘fundamental’ ou ‘aplicada’ e sua chance de acabar citada numa patente”, destacam. “Uma interpretação é que esta pesquisa ‘fun

Bloody Murder! Estou na Mystery Weekly!

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O filósofo estoico Epicteto tem uma máxima sobre a qual todo mundo deveria meditar pela manhã -- "o que, então, você gostaria de estar fazendo quando a morte o alcançar?" -- e creio que a minha resposta seria "planejando um assassinato perfeito". Não de verdade, claro, mas para compor um conto de mistério. E essa aplicação toda está rendendo frutos: meu conto Bull's Eye é um dos destaques da edição mais recente da revista canadense de literatura policial Mystery Weekly , já disponível para venda nas plataformas digitais. Esta é a minha terceira história de mistério a sair numa publicação internacional, e a segunda escrita originalmente em inglês: antes já tinha sido publicado em Needle: a Magazine of Noir e (em tradução) na tradicionalíssima Ellery Queen Mystery Magazin e (EQMM, para os íntimos). No início do ano, assinei contrato para uma segunda publicação na EQMM , e assim que souber quando deve sair, aviso aqui. Quem me conhece como escritor provave

Comida ou amigos? A origem do cérebro primata

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A dieta de espécies primatas, se comem frutas ou folhas, permite prever o tamanho do cérebro desses animais, e com precisão maior do que a oferecida pela análise de suas interações sociais, diz artigo publicado no periódico Nature Ecology & Evolution . O trabalho, de autoria de pesquisadores dos Estados Unidos, põe em questão a chamada “hipótese do cérebro social”, segundo a qual o desenvolvimento do cérebro nos primatas teria sido estimulado, principalmente, pela convivência em grupos. Embora a ideia do “cérebro social” tenha encontrado apoio em estudos que indicavam correlação entre o tamanho dos bandos e o tamanho relativo do cérebro, ponderam os autores, “os efeitos descritos de diferentes sistemas de organização social e sistemas de acasalamento são conflitantes”. “Aqui, usando uma amostra muito maior de primatas (...) e técnicas estatísticas atualizadas, mostramos que o tamanho do cérebro é predito pela dieta, e não por diversas medidas de sociabilidade”. Leia mais sobre o

Genitália no Santo Sudário

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Desculpe se o título da postagem soa irreverente ou blasfemo, mas não é culpa minha: o fato é que uma dupla de cientistas italianos acaba de  publicar um  paper  alegando,  and I kid you not , que é possível ver o contorno do escroto de Jesus na imagem do Sudário de Turim . Para a edificação de meus leitores, reproduzo a imagem acima, na abertura da postagem. O artigo descreve as técnicas digitais usadas para "restaurar" e "limpar" a foto do sudário. Os autores estavam, originalmente, procurando melhorar a visibilidade das mãos (queriam encontrar sinais dos polegares, porque aparentemente há algum debate sobre a posição final dos polegares de uma vítima de crucificação, já que os pregos afetariam os nervos), e a descoberta do saco escrotal parece ter sido uma feliz coincidência. O artigo foi publicado no periódico Journal of Cultural Heritage , que aparentemente não representa um dos esforços mais coruscantes da mega-editora científica Elsevier. Os autores,

Calor segue matando corais no Pacífico

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Coral parcialmente branqueado no Atol de Dongsha. Thomas DeCarlo/Divulgação Pelo menos 40% da comunidade de coral do Atol de Dongsha, no Mar do Sul da China, morreu por causa de uma elevação de 2º C na temperatura das águas da superfície em junho de 2015, informa artigo publicado no periódico online Scientific Reports , do Grupo Nature. Os autores do trabalho apontam que esse aumento pontual da temperatura, causado pelo El Niño, normalmente não seria suficiente para causar tanto dano, mas condições de ventos fracos acabaram agravando a concentração de água aquecida na área, levando a temperatura local a exceder em 6º C a média de verão. “Um branqueamento em massa do coral se seguiu rapidamente, matando 40% da comunidade residente num evento sem precedentes nos últimos 40 anos”, escrevem os autores, dos Estados Unidos, Austrália e Taiwan. “Nossas descobertas põem em evidência os riscos de um aquecimento de 2º C do oceano aos ecossistemas de recifes de coral, quando processos lo