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Mostrando postagens de julho 17, 2016

De partidos e escolas

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Essa conversa toda sobre “Escola Sem Partido”, que acabou virando uma gritaria em que um lado berra “doutrinação!” e o outro, “pensamento crítico!”, me trouxe algumas lembranças. A escola do SESI em que fiz o primário – creio que é o que hoje chamam de “fundamental” – tinha um partido claro: o catolicismo romano. A data da Primeira Missa no Brasil era quase tão importante quando a do descobrimento, José de Anchieta tinha sido um herói civilizador e a dilatação da fé estivera entre os mais nobres empreendimentos do Império Português. Havia festa de São João. Mas a subversão evangélica já estava começando: certa vez, um professor de Matemática interrompeu a aula para que seu irmão, membro dos Gideões Internacionais, pudesse falar com a turma e distribuir bíblias de bolso. Criança de família católica, tudo era perfeitamente normal, até que meio transparente, para mim: aquele negócio do peixe que não se dá conta de que vive na água, etc. Que eu saiba, havia um menino mórmon e um te

Aviso preventivo

Oi, gente, só por precaução: nas últimas 24 horas, este blog teve dois picos expressivos e extremamente atípicos de audiência (cada um deles equivalente a um ou dois dias de tráfego normal), separados por um intervalo de 12 horas, o primeiro às 23h00 de ontem e oo utro, às 11h00 desta manhã -- ambos originados, segundo o sistema do blogger.com, na Rússia. Como desconheço qualquer comunidade de fãs russos do meu trabalho, há a possibilidade de esses picos serem sintoma de algum tipo de ataque virtual ao blog (por que alguém haveria de atacá-lo é algo que me escapa, mas enfim...). Então deixo esta nota aqui só para alertar que, se de repente começarem a aparecer fotos de gente pelada ou correntes de oração vindas daqui, não sou eu, ok? Até mais!

Livros! Livros!

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Foi lançada oficialmente, no início do mês, a coletânea de contos Swords v. Cthulhu , publicada no Reino Unido pela editora independente Stone Skin Press. Como o título sugerem trata-se de uma coleção de histórias lovecraftianas passadas em cenários de capa-e-espada, incluindo o universo das Dreamlands (o mundo de fantasia criado pelo próprio Lovecraft) a períodos históricos, digamos "reais" do nosso universo. O livro contém um conto meu, The Argonaut , que foi basicamente inspirado na sequência das viagens de Simbad das Mil e Uma Noites . O blog Soft Disturbances vem realizando uma "maratona de leitura" do livro, resenhando-o, praticamente, conto a conto. E no início desta semana publiquei, pela plataforma de print-on-demand da Amazon.com, a Create Space, a esperada (oi? alguém?) edição em papel do meu Livro da Astrologia , que já estava disponível em versão e-book desde o fim do ano passado. O site nacional da livraria, Amazon.com.br, deve passar a o

Videntes de São Paulo

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Já escrevi pelo menos uma vez neste blog criticando a tendência da grande imprensa brasileira de tratar as pautas que poderiam ser chamadas de paranormais -- da astrologia à ufologia, passando por temas como profecias, êxtases religiosos, tarô, curas milagrosas -- com um viés meio etnográfico, limitando-se a descrever os fenômenos num tipo de texto que às vezes se esforça um pouco demais para soar "literário" e com um tom que vai da condescendência metida a besta (geralmente reservada para os fãs de disco voador) à reverência servil (qualquer "milagre" que venha da Igreja Católica). Um enfoque crítico e objetivo parece, sempre, fora de questão. Mas, veja só, nem tudo está perdido. Neste domingo o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem especial de uma página, intitulada Dos postes às mesas dos videntes de São Paulo que, se repete muitos dos cacoetes da velha abordagem etnográfica -- incluindo o tom "espertinho", a forçada de barra literá