Crise na psicologia mostra ciência em ação

Menos de 50% de uma lista de 100 estudos de psicologia publicados em três importantes periódicos da área, ao longo do ano de 2008, tiveram seus resultados reproduzidos num esforço coletivo de checagem científica, relatado na edição mais recente da revista Science. Nas reproduções, o tamanho do efeito – uma medida da correlação entre as variáveis estudadas – observado caiu 50%, em média, em relação aos trabalhos originais, e apenas 36% das replicações atingiram significância estatística, ante 97% dos estudos originais.

A despeito do resultado, os autores do artigo concluem sua exposição com otimismo: “Qualquer tentação de interpretar estes resultados como uma derrota da psicologia, ou da ciência em geral, terá de lidar com o fato de que este projeto demonstra a ciência trabalhando como deveria. Há uma abundância de hipóteses sobre como a atual cultura da ciência pode afetar negativamente a reprodutibilidade das descobertas. Uma resposta ideológica seria relevar esses argumentos, desacreditar suas fontes e seguir despreocupadamente. O processo científico não é ideológico. A ciência nem sempre traz o conforto do que gostaríamos que fosse; confronta-nos com o que é”, escrevem. Leia mais sobre esse assunto, e outros temas relacionados à pesquisa científica, no Telescópio.

Eu já havia tocado, de leve, na questão da crise de reprodutibilidade da psicologia neste artigo para o jornal Zero Hora. Concordo com a avaliação dos autores do artigo na Science: o fato de esses problemas virem à tona é uma prova de que, com todos os problemas que tem, o processo científico funciona no essencial. A principal força da ciência está no reconhecimento da própria imperfeição, somada ao compromisso com a busca da verdade.  

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