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Mostrando postagens de março 24, 2013

Em busca do Robin Hood histórico

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É semana santa e eu ia escrever algo mais temático, talvez sobre o livro Beyond the Quest for the Historical Jesus ,  em que o monge dominicano (!) Thomas Brodie argumenta que os Evangelhos são peças de ficção, mas aí pensei: ora bolas, existem vários outros casos em que história e ficção se confundem, e alguns deles envolvem até personagens mais coloridos e interessantes. Então, à guisa de ovo de páscoa deste blog, deixo-os excepcionalmente, neste fim de semana, na companhia do alegre bandoleiro de Sherwood. Interpretado no cinema por atores tão diferentes como Errol Flynn, Kevin Costner e Russell Crowe; matriz mitológica que ajudou a estruturar as lendas de gente como Billy the Kid, Jesse James e, até mesmo, Che Guevara; nobre desterrado ou camponês levado ao desespero, líder rebelde ou bandoleiro -- afinal, quem foi Robin Hood? Em seu tratado clássico sobre o tema (intitulado, exatamente, Robin Hood ), o medievalista britânico Sir James C. Holt explica que praticamente tud

Direitos Humanos

O reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, justiça e paz no mundo.  (Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948 ) Então, né. Direitos Humanos. Para que isso serve? Por que tanta briga por causa de uma comissão da Câmara dos Deputados? Não é muita frescura? Quem liga para isso? Não seria melhor cuidar, primeiro, dos "humanos direitos"? "Humanos direitos!" Há uma arrogância implícita no uso, a sério, dessa frase que quase me faz perder o fôlego. É espantoso imaginar que tem gente que olha nos olhos do próprio reflexo no espelho e se declara, sem uma ponta de dúvida ou de ironia, um "humano direito". Mesmo? Jura? Há de ser a mesma gente que lê o Poema em Linha Reta de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa e não sente a porrada no peito. Claro, a maioria das pessoas não é formada de bandidos -- entendendo-se "bandi

Beco do Pesadelo

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Finalmente cumpri meu dever de casa cético-literário e li Nightmare Alley , um clássico do romance noir  americano que gira em torno de um mágico de circo que vira primeiro mentalista, evolui para pastor evangélico picareta e, então, falso médium, enriquecendo com as doações "espontâneas" de fiéis embasbacados. Em se tratando de um romance noir , tudo é muito sórdido, há uma mulher fatal e a coisa toda termina em tragédia, claro. O autor, William Lindsay Gresham, era jornalista da era pulp, especializado em " true crime stories ",  ou narrativas romanceadas de crimes verdadeiros. Ele depois viria a escrever um livro de não-ficção sobre os circos de aberrações norte-americanos, Monster Midway , e uma biografia de Harry Houdini. Antes de virar escritor, Gresham lutara ao lado dos republicanos na Guerra Civil espanhola, e durante alguns anos foi casado com a poeta Joy Davidman, que viria a abandoná-lo para se casar com C.S. Lewis. Nightmare Alley é um livro imp