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Mostrando postagens de maio 6, 2012

Decálogo do curandeiro carismático bem-sucedido

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Passei boa parte da manhã desta terça-feira dando depoimento para um documentário de TV a respeito de curas milagrosas, que deve ir ao ar no fim do ano (escrevi um livro que, entre outras coisas, também é sobre isso , afinal) e, estimulado pelas perguntas feitas pelo produtor encarregado de me entrevistar, acabei organizando na cabeça uma espécie de receita para o culto milagreiro típico. A existência de uma tecnologia específica -- psicológica, cenográfica, etc. -- para os grandes espetáculos catárticos que se veem em muitos dos eventos carismáticos ou neopentecostais já havia sido detectada por vários investigadores (o tratamento definitivo da questão está em Faith Healers , de James Randi), mas acho que eu, pessoalmente, nunca havia parado para montar uma lista fechada de procedimentos. Supondo que ela possa interessar aos leitores do blog, ei-la: 1. Reduzirás teu público a vaquinhas de presépio As pessoas que vão a uma cerimônia religiosa, em geral, já estão predispostas a ac

Lovelock mudou de ideia. Who cares?

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Alguém pode me explicar, por favor, quando foi que James "Gaia" Lovelock  virou a principal autoridade científica disponível a respeito dos rumos do aquecimento global? Dado o grau de atenção que seu mea culpa recente, sobre ter sido excessivamente pessimista quanto aos efeitos da mudança climática, recebeu na grande mídia, eu me vi imaginando que Niels Bohr, redivivo, havia renegado a Interpretação de Copenhague da Mecânica Quântica . Mas, aos fatos. A última publicação de Lovelock remotamente ligada à questão, num veículo com revisão pelos pares e citada em seu website pessoal , ocorreu em 2007. Foi uma carta à  Nature , e tratava de um esquema de bioengenharia para captura de carbono. Uma colaboração anterior, de 1987, veiculada no mesmo periódico, falava de  plâncton e formação de nuvens . Em 1994, ele havia discorrido um pouco mais sobre o mesmo assunto , a relação entre seres vivos marítimos e a regulação do clima. As "previsões catastróficas" das quai

Controle da mídia, ou do que estamos falando?

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Neste fim de semana me toquei de que já tenho 22 anos de carreira (!!) como jornalista, tendo começado a trabalhar no segundo ano de faculdade. Entre outras coisas, isso significa que a geração que vai sair das escolas de Jornalismo neste ano estava nascendo ao mesmo tempo em que comecei a ganhar (pouco) dinheiro neste negócio. Isso também reflete algo a respeito dos anos de formação da minha vocação jornalística, aquele período em que fiquei sem saber se queria ser economista, engenheiro ou advogado e acabei caindo nisto aqui: foi o período imediatamente seguinte ao fim da ditadura, entre 1985 e 1989, onde liberdade de imprensa, de sátira e de crítica eram temas quentíssimos. Jornalistas, humoristas e cartunistas eram os heróis da resistência, e o povo entrava na faculdade de Jornalismo sonhando em derrubar governos, não casamentos de celebridades ou técnicos de futebol. Por essas e outras, "controle da mídia" é uma tecla emocionalmente delicada para mim, e finalment