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Mostrando postagens de março 27, 2011

Meu problema com a blasfêmia

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Antes que o título desta postagem cause algum mal-entendido: sou totalmente a favor da blasfêmia. Um dos itens que mais valorizo em minha biblioteca é a clássica edição da revista Free Inquiry que publicou todas -- todas -- as caricaturas dinamarquesas de Maomé que tanto furor causaram alguns anos atrás. Amaldiçoar, sacanear e ridicularizar divindades é um passatempo antigo e honrado, que deveria ser declarado patrimônio da humanidade pela Unesco. Em linhas mais gerais, eu diria que uma ideia que não é capaz de sobreviver a uma sátira não era uma boa ideia, para começo de conversa. Meu problema com a blasfêmia, que volta a incomodar por causa da recente onda de violência em reação a uma queima do Alcorão , é outro: por que uma divindade tão maravilhosa, fantástica, onipotente e fodesdástica como supostamente são os deuses que o povo gosta de adorar por aí haveria de se incomodar com sacanagens feitas por merdinhas como nós? Digo, eu tenho poder de vida e morte sobre as formig

FNAC Paulista, hoje, a partir das 19h

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Acontece o lançamento de Assembleia Estelar , livro de contos sobre ficção científica e política que inclui, entre outras joias, Vemos As Coisas de Modo Diferente , uma pequena obra-prima de Bruce Sterling sobre o "choque de culturas" entre a democracia ocidental e o islã. Publicado antes dos ataques de 11/9, o conto foi, previsivelmente, tratado como "profético" depois que as torres caíram -- mas hoje, diante dos eventos na Tunísia, Egito e Líbia, convida a uma leitura um tanto quanto diversa. Como os leitores assíduos deste blog sabem, o livro inclui ainda um conto meu, Questão de Sobrevivência . Por conta disso, estarei lá! Os amigos que quiserem aparecer para dar um "oi" em pessoa serão mais do que bem-vindos. Continuando na nota pessoal: ontem enviei meu segundo artigo em inglês para o blog de James Randi -- assim que souber quando (e se) será publicado, aviso. Ao contrário do primeiro texto meu para lá, que era uma tradução/condensação de u

E, apresentando: Debussy

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A cratera raiada acima, Debussy, é a principal atração da primeira imagem jamais feita a partir da órbita do planeta Mercúrio. Ela foi obtida pela sonda Messenger, da Nasa, e registra o terreno a 53,3º latitude sul, 13,0º longitude leste. A Messenger entrou em órbita de Mercúrio no último dia 17, e a foto acima foi tirada ontem, dia 29 . Mercúrio se encontra atualmente a 107 milhões de quilômetros de nós. Isso significa que a luz -- bem como as ondas de rádio usadas pela Messenger para se comunicar com a Terra -- leva 6 minutos para viajar de lá para cá. O nome da cratera raiada é uma homenagem a Claude Debussy (1862-1918), importante compositor francês. Como já expliquei em outra postagem , todas as crateras de Mercúrio recebem nome de artistas.

'Eles riram de Einstein, de Galileu...'

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Preenchendo uma lacuna imperdoável em minha formação, finalmente estou lendo The Making of the Atomic Bomb ,  monumental livro de 800 páginas de autoria de Richard Rhodes e que é, possivelmente, a melhor peça de jornalismo científico/história da ciência de todos os tempos. Rhodes costura, de forma extremamente hábil e com sensibilidade de romancista, os avanços científicos que tornaram a bomba possível; a biografia dos homens (e mulheres) responsáveis por esses avanços; e as condições históricas e sociais que tornaram a bomba real e que levaram a seu uso, começando nos primórdios da física atômica, de um lado, e no papel da ciência na criação de armas (como gases letais e munições) para a I Guerra Mundial, de outro. Uma das muitas coisas que chama atenção nesse quadro -- e que de que gostaria de tratar nesta postagem -- é o número de ideias tidas como "absurdas" ou "inviáveis" que se mostraram corretas em todo o processo. Em dado momento, era consenso entre pe

Nômade na escola!

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Hoje passei a manhã inteira no Colégio Leonardo da Vinci, conversando com alunos do 1º ano do Ensino Médio (é assim que se chama ao o Primeiro Colegial atualmente?) sobre meu romance juvenil Nômade (link para venda na coluna à direita). Eu já havia conversado com jovens leitores antes -- há alguns anos, o mesmo colégio adotara meu volume de contos Tempos de Fúria -- mas, claro, cada classe e cada geração tem características próprias. Foi muito engraçado ver a conversa derivar, numa classe, para a Teoria da Relatividade (afinal, por que Nômade demora tanto para chegar a seu destino?) e, em outra, recomendar a leitura de Philip José Farmer, Philip K. Dick, Rex Stout e Homero, atendendo à solicitação de um jovem leitor voraz por indicações. Também me perguntaram como a gravidade artificial da nave funciona, ao que tive de responder que não faço a mais mínima ideia. Outras questões, como até que ponto o que está no livro pode acontecer ou é factível e por que eu decidi respeitar as le